sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Zarcel (ILÉSIRE) fala sobre a razão do templo

                                               Ònífá àti Olóbàtálá: Ilésire Òsàlásínà (Zarcel).
Sendo um iniciado no culto tradicional yorùbá, desde agosto de 1997, vivi e vivo essa tradição religiosa no meu dia-dia. Desde minha iniciação em Ifá e depois em alguns òrìsà, dediquei grande parte de meu tempo no aprendizado de muitas divindades e da cultura que envolve a religião do povo yorùbá. Felizmente ou infelizmente, de 2006 para cá, na internet, houve um grande número de devotos convertidos ao culto yorùbá, porém, pude notar que quase todos em sua maioria não abraçam 100% essa tradição. Digo isto baseado em que, muitas dessas pessoas continuam fazendo em suas casas os rituais pertinentes ao candomblé, religião que merece nosso respeito, mas, que possui fundamentos bem diferentes da tradição yorùbá.
Mas, isso não é culpa de ninguém, a não ser da própria falta de informação e dificuldade que ainda existe em se viver essa tradição religiosa do modo como à mesma é praticada em território yorùbá.
Conhecendo Bàbá Olójè Rasaki Sàlámì Sàláwu a muitos anos, e tendo uma relação de muito carinho e amizade, abraço este projeto, com o intuito de diminuir e até de quebrar as barreiras que separam o povo brasileiro da religião tradicional yorùbá, permitindo assim, que todo devoto de òrìsà que escolheu essa tradição como religião, possa viver a mesma de uma forma completa. Sem precisar buscar em outras tradições aquilo que nós temos.
Luto para que meus filhos tenham direito de passarem pelo Akosejaye (rito de consulta ao oráculo logo após o nascimento da criança); isomoloruko (ritual onde o nome da criança é divulgado para a comunidade); Itefá  (iniciação no culto de Ifá, que visa decodificar o destino do ser); Ìpínodù (ritual que complementa o itefá, visando alinhar a pessoa com seu próprio destino); igbere idosù (iniciação no culto dos demais orixás); imulè (pactos em diversos cultos, que visam o fortalecimento energético e o comprometimento social da pessoa); Igbèìyàwó (casamento tradicional yorùbá); Ajéjé (ritual fúnebre que todos os iniciados devem passar).
Esse projeto visa deixar para os nossos descendentes a garantia de que nossa religião não vai morrer e de que o resgate que começou na década de 80 não tenha sido em vão.
Se você também crê que religião e família se completam e deseja ter um maior entendimento sobre a cultura religiosa yorùbá, entre em contato conosco e faça você também parte dessa família que tem tudo pra crescer e gerar bons frutos.
Ire o!
Olóbàtálá: Ilésire Omigbàmí Òsàlásínà.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

KÓRI, A DEUSA DA JUVENTUDE!

      (fonte da imagem: internet)
“KÓRI, a deusa da juventude e das crianças órfãs.”

Kóri é um òrìsà feminino, cultuada em muitas cidades yorùbá’s. Seu culto por algum motivo não sobreviveu no candomblé, porém em Cuba é cultuada em algumas casas como qualidade de Òsun.
Kóri é uma divindade muito importante, é a deusa da juventude e das crianças órfãs e adotadas.
De acordo com a lenda, Kóri era uma mulher que vivia na floresta, até que um dia ela encontrou uma criança abandonada e adotou a mesma. Ensinou essa criança todos os segredos da vida, fazendo com que a mesma se tornasse um ser muito bem sucedido.
Devido à isto, Kóri normalmente é apontada por Ifá (deus do destino) como aquela que deve ser cultuada pelas crianças abandonadas que foram adotadas por outra família. Ajudando assim, a criança, a se desenvolver de forma sadia e possibilitando que a mesma seja um adulto próspero.
Kóri tem também, muita relação com os jovens, os adolescentes. Sendo essa fase, uma fase de muita transformação, e riscos, Kóri pode ser cultuada para que o jovem tenha um orí mais equilibrado e supere essa fase de uma melhor forma.
Por isso Kóri é chamada de, Òòsà Eléèwe. Lembrando que, para os yorùbá’s, omo ou omode é criança e àgbà adultos, èwe são os jovens, que são considerados assim, dos 10 anos de idade até os 20. Lembrando que esse èwe não tem nada haver com EWÉ de folha e nem ewe (grupo étnico de origem fon), note que a acentuação tonal é diferente, o que modifica a forma como a palavra é pronunciada.
1.    Para o povo yorùbá, as crianças não pertencem aos pais ou à família, e sim é um bem da comunidade em geral, pois representa a continuidade geral do grupo, não é atoa que eles tem várias divindades relacionadas às crianças, como Ìbejì que é o protetor dos gêmeos, Egbé que é o grupo de espíritos amigos que temos no òrún (céu) que combate a ira dos Àbíkú e protegem as crianças da comunidade, Logolo e Kóri que protege as crianças adotadas e os jovens na fase da transformação.

Kóri é cultuada para que as desgraças ocorridas na vida dessas crianças sejam por elas ignoradas, e para que a mesma, no futuro, não venha a ter atitudes negativas motivadas por acontecimentos ruins do passado.
Apenas na iniciação de Ifá que será mostrada ou não, a necessidade de uma pessoa cultuar Kóri. Por isso, é um risco evocar e alimentar uma energia que, muitas vezes não está relacionada ao nosso destino.
Segue um pequeno trecho de um ORÍKÌ de Kóri:
1-Kóri nrodo,
2-Òòsà èwe nrodo
3-Kóri o má je k’omo wá ò kú o!
4-Òrìsà èwe, má je
5-Orí wá, ò kú o!
6-Olú-òrún o, má pá wa lekun o
7-Òrìsà èwe, má pá wa lekun o! (...)

Tradução:
1-Kori a protetora!
2-Orixá que protege os jovens!
3-Kori que as crianças venham e não morram!
4-Orixá dos jovens, não há outro!
5-Cabeça venha, e não morra!
6-Senhora do céu, não mate nosso leopardo
7-Orixá dos jovens, não mate nosso leopardo! (...)

Essa evocação de Kóri deixa claro, o papel dela no panteão, proteger as crianças da morte prematura e apoiar os jovens, fazendo com que eles superem essa fase de tanto desequilíbrio.
Os devotos de Kóri, normalmente precisam cuidar muito de Egbé, Ifá e Egúngún.


“Para conhecer mais da tradição yorùbá sem influências de outras culturas ou tradições, conheça o projeto do templo: Ilé Àse Apesi Olójè, onde trabalhamos, para que todos, tenham acesso fácil e rápido ao conhecimento puramente africano. Para maiores informações, ligue: 11- 6448-9094.”
Se deseja conhecer oferendas e segredos sobre o culto dessa divindade extremamente importante, tenha SÚÙRÚ (Paciência), venha e faça parte de nossa família, pois conhecimento e sabedoria vem com o tempo. O culto de òrìsà é um culto baseado no CONHECIMENTO e quem diz o contrário é porque de fato, não conhece nada!

Continuo firme no objetivo de trabalhar para que todos possam aprender mais sobre os orixás e sobre a tradição yorùbá, falar de Kóri, me dá apenas a oportunidade de mostrar que há várias divindades que podem ser cultuadas em diversas situações na vida do ser humano, e ter conhecimento dessas divindades é OBRIGAÇÃO de todos os sacerdotes. Transmitir essas informações é o que me motiva e é o que me dá certeza de que nós brasileiros temos muito para aprender sobres os deuses yorùbá, e ter conhecimento disso, de que precisamos aprender mais, é o primeiro passo, para que esse conhecimento chegue até nós.
Ire o!

Ilésire Òsàlásínà – Zarcel Carnielli.